EM BúZIOS, CASAS BRANCAS MIRA NA GASTRONOMIA PARA OS PRóXIMOS 50 ANOS

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Não é exagero dizer que tudo era mato quando o hotel Casas Brancas chegou em Búzios. As primeiras instalações do hotel começaram em 1974, quando Amalia de la Maria e Affonso Carlos Bebianno Montenegro abriram essa pequena pousada com quatro quartos. Na época, o visual já era deslumbrante, mas a cidade litorânea do Rio de Janeiro ainda era de difícil acesso -- 10 anos antes, porém, a francesa Brigitte Bardot ficou ali na cidade.

O tempo passou e o Casas Brancas viu tudo se transformar. Búzios se tornou um destino turístico badalado e, sob os cuidados da mesma família fundadora, o hotel expandiu de quatro quartos para 34 quartos, divididos em nove diferentes categorias. Tudo isso com uma bagagem cheia de prêmios: a casa foi eleita como o melhor Boutique Hotel do país em 2023 pelo World Travel Awards e, mais recentemente, foi eleito o melhor café da manhã em hotel da América Latina em 2024 pelo prêmio Condé Nast Johansens de Excelência.

“Após aqueles quatro quartos, foram construindo instalações adicionais, começamos com café da manhã e a receber turistas, que eram poucos naquela época. Búzios não era nada parecido com o que é hoje”, conta uma das sócias, Luli de La Maria. “Naquela época, era uma operação mais complexa em termos de comunicação e matéria prima. Mas o hotel foi evoluindo em termos de estrutura, inovação e gestão. É um ser vivo em contínua evolução”.

Agora, além da expansão física do negócio e até de gestão, o Casas Brancas também está de olho em uma área que ganha cada vez mais corpo em Búzios: a gastronomia.

Restaurantes que valem a visita em Búzios

Hoje, são dois restaurantes sob o guarda-chuva do Casas Brancas: o 74 Restaurant e o 74 Osteria, ambos comandados por Filipe dos Santos, chef executivo do Casas Brancas. Fundado em 2015 no terraço do hotel, o primeiro oferece um cardápio inspirado nas culinárias brasileira e mediterrânea, com traços contemporâneos e foco em ingredientes locais. O restaurante fica aberto diariamente para almoço e jantar, dentro do hotel.

É uma experiência que vale começar pela coxinha de pato cremosa e aioli de tucupi (R$ 48), sem excesso de gordura e que realça o sabor da proteína. Também é destaque, entre as entradas, o tataki de atum, crème fraîche, picles de melancia e milho crocante (R$ 74). Além da boa combinação, o frescor do atum faz uma festa no paladar do comensal.

Dentre os principais, é difícil esquecer do prato que leva camarões salteados com azeite de brasa, arroz meloso de moqueca, coentro, vinagrete de coco (R$ 139) ou, ainda, o atum mi cuit, uvas caramelizadas, avocado tostado, crocante de couve (R$ 129) que, novamente, tem um atum pra ninguém botar defeito. E as sobremesas, obrigatórias aqui, são assinadas pela chef Jenifer Ortega. Não dá para não pedir a já famosa almofada de chocolate (R$ 47).

Já a 74 Osteria está localizada em frente à prestigiada Orla Bardot. De ambiente intimista, a casa conta com receitas tradicionais italianas combinadas a ingredientes costeiros.

“A gente fez uma mudança de chefs no ano passado, com a entrada do Filipe, em outubro. Ele montou do zero a Osteria, o cardápio, o ambiente. Um trabalho nosso. É um grande desafio”, contextualiza Luli, sobre essa nova aposta. “O chef está desenvolvendo um trabalho fantástico e o cardápio lá de baixo se tornou um lugar bem típico. Temos um restaurante mais contemporâneo, mais sofisticado, e outro que é mais desconstruído”.

No cardápio da Osteria, é difícil escolher entre propostas que transitam velozmente entre o tradicional e o ousado. Pra entrada, é boa a burrata cremosa, uva doce, tomate-cereja, manjericão, hortelã e crocante da casa (R$ 72). Outro bom caminho é iniciar as conversas com o Arancini, bolinho de risoto com mussarela de búfala e aioli de pesto (R$ 48).

Nos principais, o chef continua experimentando e testando novos sabores -- na visita ao restaurante, experimentei uma lula à carbonara, que ainda não está no cardápio, que é de fazer salivar só de lembrar. Mas, ainda sem a lula, vale muito a pena ir na lasanha com ragu de carne assada com um molho de tomate que explode de sabor (R$ 79). De sobremesa, a chef Jenifer volta a surpreender com meringata de morango (R$ 42) e tiramisù (R$ 39).

Futuro da gastronomia no Casas Brancas

Depois dessa guinada forte para a gastronomia no final de 2023, intensificando o foco na boa comida nessa comemoração do aniversário de 50 anos, Luli acredita que não há mais volta. Pratos bem preparados e pensados fazem parte agora, também, da hotelaria.

“É um movimento que começou há uns 10 anos. A gastronomia dentro da hotelaria virou uma retroalimentação. Na hotelaria de luxo, a importância e a relevância da gastronomia são tão importantes quanto os quartos e o serviço”, diz. “O hóspede tem o circuito completo com todos os sentidos satisfeitos. Isso, no final das contas, é o máximo da sofisticação”.

Além disso, depois de iniciar o movimento de exploração de Búzios há 50 anos, Luli acredita que está se antecipando a esse fortalecimento da gastronomia na região. “Eu olho para o futuro de Búzios com um otimismo e muito feliz. A gastronomia da região se desenvolveu. Grandes chefs vieram pra cá”, diz. “O turismo gastronômico está crescendo. É uma vertente maravilhosa a ser desenvolvida e que queremos, com certeza, fazer parte”.

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