J.P.MORGAN ELEVA PARA 10% PROJEçãO PARA SELIC AO FINAL DO ANO, COM VIéS DE ALTA

O banco J.P.Morgan passou a prever que a Selic terminará este ano em 10%, ante projeção anterior de 9,5%, antecipando três cortes consecutivos de 0,25 ponto percentual cada na taxa básica de juros a partir de maio.

Em relatório divulgado nesta segunda-feira, 22, a economista-chefe para Brasil do J.P.Morgan, Cassiana Fernandez, e o economista Vinicius Moreira destacaram que o aperto das condições financeiras globais e a redução da meta fiscal do país para 2025 provavelmente alteram a avaliação do balanço de riscos do BC para a inflação.

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“De fato, muitos membros do Copom parecem ter reconhecido essa possibilidade, abrindo a porta para romper o forward guidance dado na última reunião de um corte de 0,50 p.p. na reunião seguinte”, disseram.

“Nesse contexto, agora achamos que o Copom fará um corte de 0,25 p.p. na reunião de maio, em duas semanas.”

Eles destacaram que o câmbio e as expectativas de inflação são os principais canais pelos quais os eventos recentes afetam os cenários do BC, ponderando que o ciclo de política monetária ainda dependerá fortemente de outras variáveis, como pressões inflacionárias domésticas e o crescimento do PIB.

“No entanto, os tópicos das dinâmicas fiscal e externa devem ser particularmente importantes em ditar a taxa terminal”, afirmaram os economistas.

Eles disseram ver chances crescentes de novas decepções no campo fiscal e também de os juros nos EUA permaneceram altos por mais tempo –o que mantém um viés de alta para o risco de a taxa Selic fechar o ciclo de cortes acima de 10%.

Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano.

Taxas de juros curtas caem

As taxas dos DIs de curto prazo fecharam a segunda-feira em baixa, dando continuidade ao movimento de ajuste da sessão anterior e após comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçando a incerteza sobre a política monetária, enquanto as taxas de longo prazo terminaram em leve alta, em meio a preocupações com o equilíbrio fiscal.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,305%, ante 10,353% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,51%, ante 10,543% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,805%, ante 11,81%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,08%, ante 11,059%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,48%, ante 11,45%.

Na sexta-feira as taxas futuras haviam registrado baixas consistentes, em meio a ajustes de preços após o forte avanço das últimas semanas, quando o mercado passou a precificar chances maiores de adiamento do corte de juros nos EUA e reduções menores da taxa básica Selic no Brasil.

Nesta segunda-feira as taxas curtas chegaram a oscilar em alta no início da sessão, mas se firmaram em baixa logo depois com investidores ainda reduzindo prêmios na curva, mesmo que a precificação majoritária siga indicando corte de apenas 25 pontos-base da Selic em maio — e não de 50 pontos-base, como vinha sinalizando o Banco Central. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Em evento na manhã desta segunda-feira, Campos Neto voltou a falar tanto da política monetária quanto da política cambial. Segundo ele, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reduziu o forward guidance de duas reuniões para apenas uma reunião por conta da maior incerteza no cenário.

Ao mesmo tempo, ele afirmou que na semana passada foi passada a mensagem de que não é possível dar um guidance em função da incerteza.

“O que a gente fez na semana passada foi dizer que não temos como dar um ‘guidance’ porque temos uma incerteza muito grande”, disse.

Em declarações nos Estados Unidos na última semana, Campos Neto apresentou diferentes cenários para o trabalho do BC à frente e citou uma eventual redução do ritmo de cortes da taxa básica de juros, sempre colocando como condicionante a evolução do nível de incerteza, principalmente no ambiente internacional.

“A gente deu essa gradação exatamente para dar mais transparência daqui para frente no que vamos fazer em termos de política monetária. Nós não temos como dar um guidance porque tem muita incerteza”, reforçou nesta segunda-feira.

Sobre o câmbio, Campos Neto pontuou que, caso o BC faça intervenções pesadas no mercado, o risco passará para os juros longos. Ele acrescentou que o BC nunca fez intervenção no câmbio para mudar preços.

Em meio a esses comentários, a ponta curta da curva a termo se manteve em baixa, enquanto a longa oscilou em leve alta.

“A mensagem foi de que se o cenário continuar incerto, com possibilidade de dólar alto e meta fiscal ruim, isso pode fazer com que a estratégia de corte de juros se altere. Mas o BC também indicou que se o cenário for positivo ele pode voltar para a estratégia original (de cortes da Selic)”, avaliou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

“Com isso, a ponta curta está fechando um pouco hoje (segunda-feira), porque o mercado ainda precifica que os juros vão cair mais. Mas na ponta longa, com o déficit fiscal brasileiro piorando, a curva abre”, acrescentou Izac.

Na semana passada o governo anunciou a redução da meta fiscal de 2025, de superávit de 0,50% do PIB para zero. Sobre a questão fiscal, Campos Neto voltou a afirmar nesta segunda que no Brasil é “muito difícil” cortar gastos públicos e que daqui para frente o risco estará muito atrelado à sustentabilidade da dívida.

A curva seguiu precificando cortes menores da taxa básica. Perto do fechamento a precificação estava em 87% para corte de 25 pontos-base da Selic em maio e 13% para corte de 50 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 97% para corte de 25 pontos-base e 3% para manutenção.

No exterior os rendimentos dos Treasuries oscilavam no fim da tarde próximos da estabilidade, mas em níveis elevados, com investidores à espera dos leilões de títulos programados para terça, quarta e quinta-feira e de novos dados sobre a economia dos EUA ao longo da semana.

Às 16h35, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — estava estável, a 4,619%.

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