“NãO QUERIA DE SENNA AQUELA LEMBRANçA”: SUTTON RECORDA DECISãO DE EVITAR TAMBURELLO

É um instinto natural do jornalista ir atrás da notícia, querer ser aquela testemunha ocular do fato, como é comumente ensinado nas salas de aula. Não era, portanto, nenhuma surpresa saber que o acidente de Ayrton Senna no GP de San Marino, em 1994, causou um movimento em massa em direção à fatídica curva Tamburello, porém Mark Sutton optou por preservar em sua memória a imagem que já possuía do brasileiro.

Na ocasião, o britânico já acompanhava a F1 há mais de uma década. Naquele domingo, estava posicionado junto com o irmão em um trecho mais distante, a Tosa, uma curva mais fechada do autódromo Enzo e Dino Ferrari. Era um dia, na verdade, pessoalmente difícil para o profissional, que na época atuava como fotógrafo da Simtek — a equipe de Roland Ratzenberger.

Sutton contou à revista Warm Up nos 20 anos da morte de Senna que era bem próximo do austríaco que perdera a vida um dia antes, na classificação do GP de San Marino. “Éramos amigos desde os primeiros passos dele desde que veio para F-Ford aqui no Reino Unido em 1986 — e depois a F3, a F3000 Inglesa, os carros esportivos, os carros de turismo, as corridas no Japão… nós seguimos sua carreira. E curioso: ele fez seu primeiro teste pela Simtek em Ímola…”

“Curioso, também, é que não lembro com detalhes daquele fim de semana”, admitiu Sutton. “É claro que Keith e eu estávamos devastados — foi sexta com Rubens [Barrichello], sábado com Roland e domingo com Ayrton. Mas me recordo que, na sexta-feira de manhã, fizemos uma sessão de fotos com Roland com uma empresa que fabricava bicicletas e que tinha dado a ele e a David Brabham algumas para que usassem para se locomover. Talvez Roland nunca a tenha usado”, completou.

Se a perda de Ratzenbeger já havia sido um grande baque, a morte de Ayrton foi “um choque” para Mark. “Na verdade, eu não sabia muito bem o que estava acontecendo e não conseguia raciocinar muito bem. Eu estava na Tosa. Claro que meus colegas foram lá e tiraram fotos daquela cena horrível, e eu agradeço por não ter ido para não ter me chocado ainda mais. Não queria ter de Ayrton aquela lembrança, daquela forma, alguém que fotografei pela primeira vez em 1983 — eu registrei a imagem de seu acidente com Martin Brundle. E logo ouvi as palmas de todos quando o helicóptero o levava para o hospital”, acrescentou.

Sutton não chegou a ter uma relação próxima com Senna, porém guardou na memória impressões muito específicas que os anos de convivência pela profissão deixaram do tricampeão. “Ayrton era uma lenda e um herói para todo mundo. E como tal, era um homem complicado com suas pressões e sua mente complicada.”

“Ele sempre pensava muito para responder nas coletivas de imprensa, pensava cuidadosamente em que palavras usar. Fico pensando hoje como ele seria e falaria neste mundo mais político em que o dinheiro é tão importante”, concluiu.

Nos 30 anos da morte de Ayrton Senna, o GRANDE PRÊMIO resgata depoimentos de diversas personalidades da F1 dados à revista Warm Up que fizeram parte da vida do brasileiro.

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