PREFEITA DE PELOTAS ORIENTA MORADORES A DEIXAREM SUAS CASAS DIANTE DE RISCO DE ENCHENTE

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de Pelotas, no Rio Grande do Sul, orientou moradores de ao menos 14 pontos da cidade a deixarem suas casas diante do risco de enchente nos próximos dias, quando é esperado aumento do nível de água da lagoa dos Patos e do canal de São Gonçalo, que margeiam o município.

Em live transmitida nas redes sociais na manhã desta terça-feira (7), a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) divulgou um mapa com manchas vermelhas nos bairros que devem ser atingidos pelas cheias. O estado vive emergência há mais de uma semana que já provocou 90 mortes e afeta 362 dos 497 municípios gaúchos.

Há previsão de tempestade para o sul do estado nesta terça, no Chuí, Rio Grande e Pelotas, com possibilidade de chuvas intensas e vento forte.

Para elaborar o mapa, a prefeita explicou que foram feitos estudos com base na enchente histórica que afetou o estado em 1941. "Naquele ano, a água chegou até a calçada do prédio da Alfândega, isso daria 2,90 metros [acima do nível]. A partir dessa projeção, fizemos parâmetros com réguas na lagoa dos Patos e no canal São Gonçalo e projetar o que aconteceria", disse.

Segundo ela, a cheia esperada nos próximos dias em Pelotas deve repetir os parâmetros de 1941 "com um pouco mais de intensidade". "Teremos 40 centímetros acima do limite de 1941", continuou.

Na época, o nível da água na cidade subiu cerca de 3 metros. Na última medição, feita às 9h desta terça, a água da lagoa estava 2,10 metros acima do normal, e no canal, 2,34 metros.

Entre as áreas mapeadas como arriscadas, estão a Colônia de Pescadores, parte do bairro Laranjal (balneário de Santo Antônio e Valverde), o entorno do parque Una e da rua das Traíras, além dos distritos de Navegantes, Marina Ilha Verde e Fátima. O cais do Quadrado e Doquinhas também estão na lista.

As residências no final da rua Osório e no início da avenida Doutor Augusto Simões Lopes também correm risco, segundo a prefeita, além do condomínio Parques de São Gonçalo e do Pontal da Barra.

"Nós definimos áreas onde vamos ter mais atenção e pedir para a população dessas áreas para deixar suas casas", disse a prefeita. "A natureza está nos dando uma oportunidade, estamos vendo as águas subirem, mas com lentidão."

A cidade de Pelotas fica ao sul de Porto Alegre. Em comum, os dois municípios são margeados pela lagoa dos Patos, onde deságua parte do fluxo do Guaíba, que está mais de 5 metros acima do nível normal. Com a previsão de chuvas fortes, o aumento do volume da lagoa também aumentará no Guaíba, piorando a situação da capital gaúcha, já embaixo d'água.

OUTRAS CIDADES SE PREPARAM

No litoral sul do estado, cidades próximas à lagoa dos Patos, onde desemboca o Guaíba, se preparam para alagamentos e já colocam em prática planos de evacuação.

Em São Lourenço do Sul, de 43,5 mil habitantes, o prefeito Rudinei Härter (PDT) conta que o poder público está, desde domingo (5) fazendo chamamentos para que as pessoas que habitam locais de risco deixem suas casas e procurem lugares seguros e mais altos e que a aceitação tem sido positiva.

A cidade já conta com quatro abrigos instalados, sendo que um deles já está lotado. Ao todo, são 103 pessoas nesses abrigos.

Segundo a Brigada Militar, pelo menos 270 famílias tiveram que deixar suas residências. Aqueles que não foram para os abrigos, estão em casas de parentes e amigos —há ainda um pequeno número de pessoas que se negaram a sair embora tenham sido alertadas.

De acordo com o prefeito, a partir de dados da sala de situação de Porto Alegre, a expectativa é que o nível da água suba 1,5 metro e 50% do município de São Lourenço do Sul seja alagado, a depender dos ventos.

Na cidade de Rio Grande, que deve ser bastante atingida, a prefeitura chegou a postar ontem, segunda (6), em suas redes oficiais um comunicado dizendo que não havia nenhuma orientação da Defesa Civil do município para evacuar a cidade. "O alerta de maior risco segue para as zonas ribeirinhas e ilhas", segue o comunicado.

Até agora são 229 pessoas desalojadas na cidade, sendo que 36 estão em abrigos e 193 estão em casas de amigos e familiares. Foram ao todo 64 animais resgatados, sendo 47 cavalos, oito cachorros, um coelho, uma chinchila e sete gatos. Até o momento são dois abrigos em funcionamento e quatro estão sendo preparados. Em algumas ruas de áreas ribeirinhas, a prefeitura desligou preventivamente a energia elétrica.

Pelo menos 21 ruas foram interditadas. Na manhã desta terça (7), o nível da lagoa dos Patos em Rio Grande estava 54 cm acima do normal.

Em Tapes, de 17 mil habitantes, a região da Vila dos Pescadores foi atingida pela rápida subida das águas da lagoa dos Patos, por volta das 17h desta segunda (6) —em uma hora, o nível da água subiu meio metro. Atualmente, 25 famílias estão alojadas no salão da Paróquia Nossa Senhora do Carmo. Ao todo, 70 famílias foram desalojadas —as que não estão na igreja foram para casas de parentes e amigos.

As famílias remanescentes, que se negaram a sair no primeiro momento das áreas de risco, estão sendo retiradas nesta terça (7).

No início da tarde, a lagoa se mantém elevada, mas dentro do esperado, segundo a prefeitura de Tapes.

Em Camaquã, de 62 mil habitantes, não há determinação de evacuação. Somente zonas rurais ficam em regiões de margem, e a Defesa Civil do município estima que cerca de 600 pessoas estão sendo afetadas. Segundo Rafael de Moura, coordenador da defesa civil, a água sobe devagar e não há nenhuma solicitação de pessoas que queiram sair de suas residências.

O município emprestou cinco veículos para a vizinha Guaíba e alojou 84 pessoas em seu ginásio municipal, vindas de Eldorado do Sul, na grande Porto Alegre.

A prefeitura de Palmares do Sul, de 12,8 mil habitantes, afirma que o nível da água está estável e invadiu apenas algumas casas ribeirinhas do bairro Pontão. A prefeitura está com três locais disponíveis para alojamento, sendo que um deles, o Clube Palmarense, já está recebendo pessoas. Apenas uma família está no local alojada até o momento.

A prefeitura está visitando as residências dos bairros de Palmares do Sul que margeiam o rio e solicitando que aqueles que tiverem para onde ir, já deixem suas casas. São cerca de 200 pessoas nestas localidades de risco.

Em Arambaré, de 4 mil habitantes, a prefeitura está realizando alertas à população e disponibiliza três alojamentos. Até o momento, são 101 pessoas nos abrigos e 430 em locais como casas de familiares e amigos.

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