XI JINPING CHAMA GUERRA NA UCRâNIA DE "CRISE" E é ALVO DE PROTESTOS DA COMUNIDADE TIBETANA EM PARIS

Em texto publicado no jornal Le Figaro, o presidente chinês, Xi Jinping, afirma que pretende “trabalhar com a França e toda a comunidade internacional” para “resolver a crise” na Ucrânia. O líder chinês chegou a Paris neste domingo (5) para uma visita de Estado de dois dias, acompanhado de sua esposa. No centro da capital, milhares de manifestantes da comunidade tibetana protestaram contra a presença do "ditador chinês", segundo cartazes, no "país dos direitos humanos".

“Esperamos que a paz e a estabilidade retornem rapidamente à Europa e pretendemos trabalhar com a França e toda a comunidade internacional para encontrar bons caminhos para resolver a crise”, escreve Xi Jinping no Le Figaro

“Compreendemos os transtornos que a crise ucraniana causa para os europeus. A China não está na origem desta crise, nem é parte ou participante dela”, acrescenta o líder chinês. Xi Jinping garante que “sempre desempenhou um papel construtivo para promover uma solução pacífica” no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Ele omite, no entanto, que nunca condenou a invasão russa no país vizinho, se posiciona como aliado de Moscou nas votações sobre a guerra no Conselho de Segurança da ONU e estreitou a cooperação militar com a Rússia, fornecendo componentes eletrônicos que são utilizados na fabricação de armas que o Exército russo usa contra os ucranianos, segundo informações dos serviços de inteligência ocidentais.

Mesmo assim, Xi Jinping recorda ter apelado em diversas ocasiões "à observância dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, ao respeito pela soberania e à integridade territorial de todos os países, à consideração das legítimas preocupações de segurança das diferentes partes, e insistiu na obrigação de não usar armas nucleares ou travar uma guerra nuclear”. A China, acrescenta, “forneceu ajuda humanitária à Ucrânia e o nosso enviado especial fez várias viagens aos países envolvidos”.

Durante a visita do líder chinês à França, até terça-feira (7), o presidente francês, Emmanuel Macron, pretende defender a “reciprocidade” nas relações comerciais e a procura de uma resolução para a guerra na Ucrânia num contexto em que a China mantém seu apoio até agora inabalável à Rússia.

Depois da França, o presidente chinês visitará a Sérvia e a Hungria, dois países que permaneceram próximos de Moscou.

Manifestantes tibetanos protestam contra presença de "ditador" em Paris

Centenas de manifestantes, segundo representantes da comunidade tibetana, reuniram-se na tarde de domingo em Paris para denunciar a visita do líder chinês, descrito como um "ditador", que não deveria ser acolhido num “país de direitos humanos”, diziam alguns cartazes.

“Parem a ameaça contra Taiwan, parem a repressão em Hong Kong, parem o apoio a Putin, parem a ingerência na França”, dizia uma grande faixa aberta pelos manifestantes na Praça da República, local de frequentes protestos na capital francesa.

“Ditador Xi Jinping, seu tempo acabou”, “não ao totalitarismo chinês”, também indicavam cartazes. 

Centenas de manifestantes hastearam a bandeira tibetana. A multidão, em várias ocasiões, gritou “França, país dos direitos humanos”, “Viva o Tibete livre” ou “Tibete livre”.   

Xi Jinping “é um ditador” que quer acabar com a tradição e a cultura tibetanas, disse à AFP Karma Thinlay, presidente da comunidade tibetana na França. Na China, “não há liberdade de expressão, não há liberdade”, lamentou. “A França é um país de direitos humanos e de liberdade, isso não é compatível com a sua vinda [de Xi Jinping] à França.”

“Emmanuel Macron deve saber que com a China não podemos fazer negócios com calma e confiança, porque a China é um país onde todos os direitos são violados”, destacou o ativista. “A vida é mais do que apenas a economia”, disse ele, esperando que o presidente francês aproveite esta “oportunidade” para falar sobre a situação no Tibete, a fim de encontrar “uma solução pacífica”.

Ao longo dos séculos, o Tibete alternou períodos de independência e controle por parte da China. Desde uma intervenção do Exército de Libertação Popular em outubro de 1950, Pequim voltou a dominar o país e aplica uma política de repressão aos monges budistas e tenta acabar com a cultura tibetana.

O Dalai Lama, líder religioso dos tibetanos que vive no exílio, sempre se recusou a reconhecer que o Tibete fazia parte da China, como Pequim exigia. Por esse motivo, a China recusa o diálogo com os representantes tibetanos desde 2010.

Com AFP

2024-05-05T17:27:54Z dg43tfdfdgfd