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Na noite da última quarta-feira, 5, a influenciadora Anna Clara Maia compartilhou em suas redes sociais o susto que passou com seu bebê, que engasgou com leite. Em vídeo que viralizou na internet, é possível ver a mãe tentando utilizar a manobra de Heimlich para fazê-lo voltar a respirar. A técnica, no entanto, é recomendada apenas para engasgos causados por objetos sólidos e em casos em que a criança não consegue tossir ou emitir sons, o que indica que as vias aéreas estão completamente obstruídas.
“Esse é um erro comum de acontecer. Mas essa movimentação é para deslocar um objeto sólido que está entupindo a via aérea. Em líquido, não tem como fazer isso”, explica Tânia Zamataro, pediatra do Departamento de Prevenção e Enfrentamento às Causas Externas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Segundo a especialista, o caso recente provavelmente se deve a um refluxo do bebê após a mamada. “Na hora que (o leite) subiu para o esôfago, deve ter batido na entrada das vias aéreas”, diz.
Nessa situação, a orientação é diferente. Segundo Zamataro, pais e cuidadores devem levantar o bebê, tirar delicadamente o excesso de leite que está na boca (e não na garganta) e deixá-lo em pé ou sentado, observando de frente sua reação. Se necessário, é possível até dar algumas batidinhas leves nas costas da criança, mas sem exercer muita força. “Em mais de 90% dos casos, o bebê volta a respirar sozinho”, explica.
As manobras de Heimlich são um conjunto de técnicas de salvamento para que cuidadores possam, em casa, auxiliar uma pessoa que está engasgada a voltar a respirar normalmente. Elas são válidas tanto para bebês quanto para adultos, mas dependendo da idade e do tipo de bloqueio, a técnica recomendada é diferente.
Primeiramente, é preciso observar o tipo de engasgo da criança antes de executar a manobra de Heimlich. Isso porque ela é indicada apenas em casos de obstrução total da respiração, cujos sinais são falta de ar, agitação sem conseguir emitir sons, palidez e lábios roxos.
Já quando esse bloqueio é parcial, a manobra não é recomendada porque os movimentos podem fazer com que o objeto que causa o engasgo se mexa e obstrua completamente as vias aéreas. Em geral, os engasgos com bloqueio parcial da respiração são perceptíveis, porque a criança ainda consegue tossir e esboçar outros sons.
Se esse for o caso, pais e responsáveis devem incentivar a tosse e buscar um serviço de emergência. Não devem bater nas costas, levantar os braços ou colocar os dedos às cegas na garganta da criança.
Em resumo, a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria é a seguinte:
Veja abaixo como devem ser as manobras em cada caso:
Caso as técnicas para desengasgar a criança não funcionem e ela perca a consciência, é preciso deitá-la em uma superfície rígida para iniciar a manobra de ressuscitação. Zamataro recomenda que o cuidador peça ajuda para acionar também o serviço de emergência, que auxiliará no atendimento necessário.
Segundo dados do Painel de Monitoramento da Mortalidade do Datasus, do Ministério da Saúde, 266 mortes infantis foram registradas em 2023 por inalação e ingestão de alimentos que causaram obstrução do trato respiratório. É o maior número dos últimos cinco anos, período no qual houve uma crescente desses casos.
De acordo com Zamataro, crianças na faixa etária abaixo dos 5 anos, principalmente a partir do 3, são mais afetadas pelo engasgo. Isso acontece por inúmeros fatores, que vão desde a imaturidade para deglutir e a falta de dentição completa até a agitação, que faz com que queiram comer pulando e brincando.
Por este motivo, além de terem conhecimento das medidas de primeiros socorros, pais e cuidadores devem estar atentos para evitar que uma criança engasgue. A SBP orienta que: