QUANDO DEVO VERMIFUGAR MEU CACHORRO OU GATO?

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Fui convidada para uma palestra sobre parasitas, no lançamento de Credeli Plus da Elanco. Ok, o tema pode parecer estranho e até aflitivo para muitos. Mas eu juro que amei o convite a palestra. Só com informação que podemos ser tutores melhores.

Na verdade, a palestra abordava saúde única, quando unimos os três pilares: animais, seres humanos e meio ambiente. Pode parecer estranho associar isso aos parasitas. Mas é mais fácil do que parece. O médico-veterinário Hélio Autran de Morais foi o ministrante. Apesar de brasileiro, Dr Hélio é Professor Titular do Department of Clinical Sciences da Oregon State University. Chique, né?!

Ele começou explanado sobre as diferentes verminoses. Foram várias fotos de "minhoquinhas" que podem habitar o intestino dos cães, gato e humanos. Vamos relembrar a quinta série. Veja se você lembra de algum desses nomes:

  • giárdia
  • toxocara
  • ancylostoma
  • dipylidium

Esses vermes habitam o intestino de cães, gatos e são zoonoses. Ou seja, passam para os seres humanos. E não precisa comer fezes de ninguém, não. A maioria tem um poder de transmissão enorme.

O Ancylostoma caninum, por exemplo, é espécie de verme nematoide e um dos principais responsáveis pela ancilostomíase, uma infecção intestinal comum em animais de estimação. Os vermes adultos do Ancylostoma caninum geralmente vivem no intestino delgado do hospedeiro e se alimentam de sangue, causando anemia e, em casos graves, até mesmo a morte do animal.

Já os ovos do parasita são eliminados nas fezes do cão e, em condições adequadas de umidade e temperatura, se desenvolvem como larvas infectantes. É neste ponto que pode ocorrer uma zoonose, isto é, doença que pode ser transmitida de animais para humanos. "Trata-se da Larva migrans cutânea, mais conhecida como "bicho geográfico": se esta larva penetrar na pele humana, ela pode provocar irritação, coceiras e lesões e formar 'trilhas', daí a origem do seu nome popular", explica Mariana Capellanes Flocke, médica-veterinária e consultora técnica sênior da Elanco

O ancylostoma, por exemplo, basta você ter contato com o solo contaminado com as fezes com o parasita. Ou seja, nunca mais na sua vida vá a um parque de cachorro de rasteirinha, chinelo ou qualquer outro sapato fechado. Eu, que sempre ando quase descalça por aí, saí da palestra desejando um vermífugo urgentemente!

O que mais me desesperou foi saber da resistência de cada um deles no ambiente. Não basta passar um pano com desinfetante no chão, principalmente se não for um piso liso. Terra, cimento, pedra porosa e similares podem esconder melhor os ovinhos desses parasitas.

A melhor forma de diagnóstico que temos hoje é o exame coproparasitológico. A fomos exame de fezes. Porém, para minha angústia, segundo o Dr Hélio, mesmo analisando três amostrar diferentes (sim, você tem que levar três vezes o cocô do seu pet, em dias alternados) há a possibilidade de haver falso negativo. Ou seja, o exame deu negativo para giárdia, mas não quer dizer que a bênção não tem o parasita. Apenas significa que não está em quantidade suficiente para ser diagnosticado no exame.

Tudo isso porque, segundo Dr Hélio, os exames coproparasitológicos não são sensíveis o suficiente para pegar cistos (ovos) em baixa quantidade. Não só de giárdia, mas dos outros parasitas também.

O que o médico-veterinário sugere é utilizar o exame como confirmação do método já utilizado de vermifugação.

Aí entra uma mega discussão entre os médicos-veterinários, a indústria farmacêutica e os tutores: com qual frequência devo vermifugar meu cachorro ou gato?

A resposta é: depende!

Depende de onde seu pet vive, qual o hábito de vida dele, se tem contato com outros cães e por aí vai. Há quem fale da necessidade de vermifugar a cada três meses. Outros falam a cada seis. Tem que indique a desparasitação uma vez ao ano. E ainda tem aqueles que vermifugam só quando o animal é filhote.

A grande questão é: vermífugo não previne, ele trata o que já está no intestino.

Diferentemente de um antipulga ou um carrapaticida, que age evitando que o parasita chegue até o animal ou transmita a doença, o vermífugo apenas mata o que já existe no intestino e não protege o animal contra possíveis parasitas que venham a habitar aquela região no futuro.

Depois da palestra do Dr Hélio, na qual ele apresentou números alarmantes do número de cães e humanos subdiagnosticados para verminoses, dá vontade de tomar e dar vermífugo para meus pets todo mês. Mas eu sou bem conservadora e seguirei o que o próprio Dr Hélio sugeriu como o mínimo do mínimo a ser fazer: um exame coproparasitológico uma vez ao ano. Mas, mesmo que dê negativo, não é garantia que o animal não tenha parasitas intestinais.

O bom, é que hoje está cada vez mais fácil oferecer um vermífugo para o cão. Tem os comprimidos palatáveis, os de largo espectro (que pegam diferentes classes de vermes) e ainda os que unem os endoparasitas (internos) com ectoparasitas (externos, como pulgas e carrapatos).

Questão de saúde pública

Segundo Mariana, prevenir parasitas e tratar os animais contaminados é importante não somente para a saúde do pet, mas especialmente para a saúde da família e ambiente em que esse animal está inserido.  "Manter os pets protegidos contra carrapatos, pulgas e vermes faz parte da tutela responsável e torna-se uma necessidade constante nos cuidados com os animais e para a saúde pública. Ao cuidarmos dos pets, também estamos prezando pela saúde das pessoas", afirma Mariana. "Recomendamos que o tutor consulte seu médico-veterinário de confiança para avaliar qual é a melhor solução para o seu pet. O nosso objetivo é prezar pelo bem-estar e saúde do animal, de modo que ele esteja sempre protegido", finaliza.

A questão é: não negligencie a saúde do pet, ainda mais correndo o risco de pegar algo dele! Cuidar do nosso pequeno é também cuidar da nossa saúde!

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