EM PARIS, ELEITORES RECHAçAM EXTREMISMO E QUEREM MAIS ESTABILIDADE NA POLíTICA FRANCESA

Milhões de eleitores votam neste domingo (30) no primeiro turno das eleições legislativas antecipadas. A RFI esteve nas ruas e ouviu alguns deles, que se mostraram divididos entre esperança e pessimismo quanto a mudanças significativas no país. A maioria rechaça o extremismo.

“Não pretendo votar em nenhum dos dois extremos, nem da direita, nem da esquerda, porque acredito que nenhum radicalismo seja bom. A meu ver, na história da França nós vimos que isso leva a uma situação de antissemitismo e fascismo”, opinou a farmacêutica Cynthia, de 36 anos.

"O que me motivou a vir votar hoje é o receio do avanço do extremismo. Espero que a gente alcance uma estabilidade política e também uma estabilidade econômica", disse o garçom Jordan, de 37 anos.

Cerca de 49,5 milhões de pessoas estão aptas a votar. A taxa de participação  pode ficar perto dos 67%, o que corresponde a pouco mais de 33 milhões de eleitores, número que seria 20% superior ao das últimas eleições legislativas, em 2022.

Mesmo lidando com incertezas por conta da crise política que se acirrou desde a dissolução da Assembleia dos Deputados, no início do mês, muitos eleitores reforçaram a importância de exercer o direito ao voto, diante de uma taxa de abstenção que poderia ser considerável.

“Espero que possa haver uma renovação na esfera governamental, sem dúvida. Eu, particularmente, voto em todas as eleições, porque é um direito que nós temos, é importante para exprimirmos a nossa opinião. Uma vez que os novos deputados assumam, acredito que devam dar prioridade aos problemas sociais que temos na França, principalmente aqueles ligados à pobreza”, disse Océane, estudante universitária de 27 anos.

Brasileiro naturalizado francês, Gabriel Cestari compartilha uma visão parecida com a dos outros eleitores ouvidos pela reportagem. Vivendo na França há anos, ele também gostaria que o país pudesse chegar a uma estabilidade política após as eleições, mas reconhece que haverá um longo caminho a ser percorrido até lá. 

“Enquanto brasileiro e cidadão francês, espero que essas eleições possam proporcionar um reflexo da sociedade onde os representantes possam fazer o país andar para frente, sem ficar perdendo tempo com disputas políticas e negociações sem fim. Na minha opinião, os maiores problemas que os parlamentares vão enfrentar são a polarização política, brigas com a oposição; políticas para equilibrar o custo de vida frente às inúmeras dificuldades financeiras; política de imigração e relação com refugiados. No momento são refugiados de guerra, mas acredito que futuramente haverá refugiados de mudanças climáticas”, avalia o brasileiro.

As eleições legislativas irão definir a nova composição da Assembleia Nacional, com 577 deputados, depois que o presidente Emmanuel Macron dissolveu o parlamento no dia 9 de junho.

Os locais de votação abriram às 8h e seguem até às 20h nas cidades com mais de 100 mil habitantes, como a capital Paris, e até às 18h nos demais municípios. O segundo turno acontece no próximo domingo, dia 7 de julho.

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