FORTE TAXA DE PARTICIPAçãO MARCA INíCIO DA VOTAçãO NAS LEGISLATIVAS ANTECIPADAS NA FRANçA

Os eleitores da França metropolitana começaram a votar às 8h pelo horário local, 3h de Brasília, no primeiro turno das eleições legislativas, cujos resultados serão decisivos para o futuro da França e da Europa. Uma eventual vitória ampla da extrema direita, seguida pela formação de um governo liderado por nacionalistas xenófobos, marcaria um retrocesso inédito desde a Segunda Guerra Mundial.

Ao meio-dia, a taxa de participação dos eleitores era de 25,90%, em forte alta em comparação com 18,43% nas eleições de 2022 no mesmo horário, segundo o Ministério do Interior. Em Paris, a taxa de franceses que votaram no período da manhã dobrou, atingindo 25,48%, contra 12,26% há dois anos. 

A aposta arriscada do presidente Emmanuel Macron de dissolver a Assembleia Nacional, logo após da vitória da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu, em 9 de junho, ainda é incompreensível para milhares de franceses. O país parece tomado por um nervosismo entre os que têm a esperança de levar a extrema direita ao poder e aqueles que temem esse retrocesso e suas consequências. 

Diante de uma votação marcada às pressas, no primeiro fim de semana das férias de verão, mais de 2,6 milhões de eleitores que tinham projetos de viagem registraram procurações para outras pessoas votarem por eles, um número quatro vezes maior do que há dois anos, segundo o Ministério do Interior.

Os principais temas da campanha foram imigração, direitos de estrangeiros, medidas para a melhoria do poder aquisitivo, dívida pública e a eventual revogação da reforma da Previdência que aumentou a idade mínima de aposentadoria de 62 para 64 anos. 

Macron vota no norte do país

As primeiras personalidades políticas a votar foram a líder do partido ecologista, Marine Tondelier, o ex-primeiro-ministro de centro-direita Edouard Philippe, presidente do partido Horizonte, Manuel Bompard, líder da bancada do partido de esquerda França Insubmissa na Assembleia Nacional, o líder nacionalista em ascensão Jordan Bardella, presidente do partido Reunião Nacional (RN) fundado por Marine Le Pen, o primeiro-ministro Gabriel Attal, e o ex-presidente François Hollande, que concorre a uma vaga de deputado pela Nova Frente Popular de esquerda.

O presidente da República e a primeira-dama Brigitte Macron votaram logo depois do meio-dia em Le Touquet, cidade balneária da região norte do país. Sorridente, a primeira-dama, que tem sido vaiada em eventos desde que o chefe de Estado dissolveu a Assembleia, cumprimentou várias pessoas que aguardavam para votar na mesma seção eleitoral. Depois de depositar seu voto na urna, Macron também parou alguns minutos para conversar com os eleitores que faziam fila. 

Estimativas de resultados 

Serão eleitos no primeiro turno os candidatos que conquistarem mais de 50% dos votos. Nos distritos onde nenhum concorrente alcançar esta votação, basta reunir mais de 12,5% dos votos para passar para o segundo turno, em 7 de julho.

Em sua última pesquisa, o instituto Ipsos previa segundo turno em cerca de 250 distritos com três candidatos para uma vaga. Este é um dos pontos mais importantes a ser observado na noite de domingo. Saber se após negociações partidárias, haverá desistência do candidato republicano com menos chances de vencer, a fim de beneficiar o adversário com maior potencial para derrotar o representante da extrema direita. Nas últimas duas eleições presidenciais, esse "cordão sanitário" republicano permitiu que Macron derrotasse duas vezes a rival Marine Le Pen no segundo turno. Muitos franceses, no entanto, não querem mais perpetuar essa forma de voto de bloqueio, que não traduz as escolhas que fizeram em função dos programas dos partidos no primeiro turno. Muitos eleitores estão convencidos que essa prática fragilizou a democracia na França. 

As primeiras estimativas de resultados serão divulgadas às 20h pelo horário local, 15h em Brasília. 

Caso o partido de extrema direita Reunião Nacional (RN) e aliados confirmem nas urnas a vantagem contra a aliança de esquerda, em segundo lugar nas pesquisas, e o bloco de centro-direita, em terceiro, será a primeira vez em 80 anos que um partido antirrepublicano dirigirá a França. Entretanto, o líder nacionalista Jordan Bardella, de 28 anos, disse que só aceitará o cargo de primeiro-ministro se o seu partido alcançar a maioria absoluta de 289 deputados eleitos na Assembleia Nacional.

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